Se for mais kawaii estraga

Se for mais kawaii estraga

 

Por Marina Messias

Comprei um hat. Usei o hat. Tirei uma foto usando um hat (aquele chapeuzinho fofo com orelhas enormes, que todo mundo usa em convenções de anime e mangá).  Achei bonitinho, ou melhor, achei kawaii.

Fui a um festival. Fui a dois, três... Comprei mangás. Ganhei uma coleção de animes Yuyu Hakusho. Assistia Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Pokémon, Death Note, Hell Girl, Crayon Shin Chan… Comprei e usei orelhinhas de gato em pelúcia… Fanatismo? Talvez.

Admirar, gostar, freqüentar, comprar e assistir. Na medida certa, tudo isso é normal. É até saudável, sabia?

Colecionar coisas pode ser estranho para quem vê, mas é maravilhoso para quem faz. Gostar de Coca Cola a ponto de desenvolver uma úlcera é horrível para quem vê, mas delicioso para quem bebe.

O mesmo acontece com animes e mangás. A única diferença é que os fanáticos pela cultura pop japonesa ganharam um nome: OTAKU.

É obvio que qualquer coisa em exagero é ruim, até mesmo gostar demais. Defender o que gosta é uma coisa. Uma coisa boa. Brigar, agredir, ofender por causa daquilo que você gosta é outro fato completamente diferente. São outros quinhentos.

Os otakus – fanáticos, amantes, adoradores (etc, etc, etc) de animes e mangás – demonstram sua paixão e admiração aos seus ídolos de uma forma que muita gente quer fazer, mas não tem coragem. Eles vivem o personagem. Eles são os personagens de suas próprias histórias. Mesmo que só por um dia.

A maior expressão de fanatismo desta “tribo” é o cosplay. Fantasiar-se como um personagem e tirar das páginas dos mangás a inspiração para criar verdadeiras obras de arte não é para qualquer um. Você teria coragem de cruzar a cidade vestido como o Riuk, o Shimigani de Death Note, só para participar de uma convenção de anime? Pois é, tem gente que faz isso.

E sabe o que devemos fazer? Respeitar. Hoje em dia existem outros tipos de fanatismo com os quais devemos nos preocupar. Que tal dar uma olhadinha nos fanáticos religiosos que matam em nome de Deus e divulgam o preconceito e a intolerância?

Parafraseando aquele fã da Britney: “Leave otakus alone!”