Por Marina Messias
Os kanjis (símbolos da escrita japonesa) estão estampados em vidros de janelas, camisetas, quadros e tatuagens. Os animes compõem parte da programação de TV e marcaram a infância de muitos jovens por aí. Até a leitura “ao contrário” dos mangás já tem deixado de ser tão estranha aos brasileiros. A música, as roupas, as artes marciais, a comida... Ainda há dúvida de que o Japão invadiu o Brasil?
O povo brasileiro, conhecido por sua hospitalidade e receptividade com tudo e todos, tem uma facilidade imensa em adotar costumes de outras culturas. Um exemplo é a festa de Halloween, hábito norte americano bem recebido e celebrado na terra de Pelé. Com algumas adaptações, obviamente, o Dia das Bruxas integra o calendário tupiniquim que, uma vez ao ano, leva muitas pessoas a bailes em que todos se vestem de preto e incorporam monstros, bruxas e fantasmas.
Com esta mesma facilidade, o país da cerveja, carnaval e futebol recebeu a cultura japonesa, que está presente em todos os lados. Diferente do Halloween, que acontece somente uma vez por ano, as convenções de anime e mangá acontecem em todos os meses no Brasil. Quer exemplo melhor de participação em outra cultura? Até mesmo uma webrádio exclusiva para animes/mangá existe no Brasil. Conhece a animix?
Outro ponto que chama a atenção, além da quantidade de eventos deste tipo no país, é o grande número de participantes. Não são só descendentes de japoneses que frequentam estes espaços. Brasileiros de todas as partes se unem para conhecer e promover uma cultura tão distinta da nossa. O país abriga o maior número de japoneses fora do Japão, então, é de se esperar que as culturas se encontrem, e por aqui, esse encontro foi mais do que aceito.
“Aceitar” apresenta-se como um termo limitado para explicar a participação de crianças, jovens e adultos nos costumes nipônicos. O brasileiro não se contenta somente em aceitar. Ele participa, adapta e reinventa.
Para se ter uma ideia, em 2008, uma dupla brasileira venceu o WCS (World Cosplay Summit), desbancado os favoritos cosplayers japoneses (Eles inventaram a brincadeira e perderam o jogo!?!?!?!). O casal Jéssica Campos e Gabriel Bras, ou melhor, Jo e Jango (do anime Burst Angel) fizeram do Brasil o único bicampeão mundial de cosplay. O país participa da competição desde 2006 e, já no primeiro ano, venceu a disputa.
Cultura, eventos, fantasias, desenhos, comida. Tudo isso, o Brasil copia, aceita e recria muito bem, a partir das tradições japonesas. Por que não copiar também a valorização da honra, a organização e disciplina, a intolerância com a corrupção...