Herói por um dia
Tratando-se de animes, mangás, videogames e comics é impossível não ouvir falar no termo “cosplay”. A palavra é uma junção das palavras “costume” (fantasia) e “play” (brincar) e é utilizada para designar pessoas que se caracterizam e agem da mesma forma que personagens do mundo dos quadrinhos e animações.
O cosplay é uma prática muito utilizada pelos fãs de mangá e anime, o que leva muita gente a acreditar que esse costume é originário do Japão. Entretanto, isso não é verdade. O primeiro cosplay surgiu por volta dos anos 1970, nos Estados Unidos, e chegou ao Japão só na década de 1980, com Nobuyuki Takahashi.
Dez anos mais tarde, a prática se tornou popular em todo o mundo, inclusive no Brasil. O anime que marcou o país foi Cavaleiros do Zodíaco. A febre contagiou fãs de todos os lugares, que se fantasiam como os personagens que mais se identificavam. Com o sucesso da atividade, algumas empresas começaram a investir na ideia, como por exemplo, tem-se as empresas que criaram lentes de contato coloridas para que o fã fique ainda mais parecido com o personagem, além disso, outro setor investe na criação de perucas e até mesmo fantasias completas.
Os cosplayers são conhecidos pelo empenho que possuem na hora de criar suas fantasias. Os mais fanáticos não se economizam e gastam muito na confecção do cosplay. Do simples ao extravagante, o que conta é mostrar a criatividade.
Não há como falar em cosplay sem citar os diversos festivais que existem no mundo que abrem espaço para os otakus de plantão deixarem suas participações registradas. O principal objetivo destes eventos é reunir milhares de fãs de animes e mangás através de diversas atividades voltadas para o entretenimento como karaokê, gincanas, quiz, workshops, palestras e campeonatos.
Fã dos animes NANA, Utena Tenjou, D-grayman, Hanjuku Joshi, DragonBall e, Naruto, a estudante Adaylene Monteiro dos Santos conta que já participou de festivais como Otaku no Matsuri, Animazon e eventos chá-lolita, que são caracterizados pelas reuniões em que os participantes fazem um piquenique e conversam sobre animes. “São eventos muito interessantes, sempre acabo aprendendo mais”, afirma Adaylene.
Os campeonatos de cosplay são a principal atração dos festivais. Neles, os participantes, além de se caracterizarem como o personagem favorito, devem mostrar seus dotes artísticos atuando exatamente como o personagem escolhido na ficção. A melhor atuação e a fantasia mais parecida com o original coroam o vencedor. Adaylene ressalta sua paixão por animes: “Tenho vontade de participar competindo em cosplay por equipe, montar toda uma peça teatral envolvendo meus personagens favoritos”. A jovem declara ainda que além de oferecerem entretenimento, os festivais são capazes de revelar as habilidades de uma pessoa, como um fotógrafo, um designer e um figurinista, por exemplo. “Não é apenas uma feirinha pra se gastar ou apenas se vestir, é um lugar pra expressar seu amor pela arte e pelo personagem preferido, e aprender sobre a cultura oriental”, conta.
Assim como Adaylene, Mayumi Okawara não esconde seu amor pela cultura japonesa. Descente de orientais, Mayumi conta a influência japonesa está, principalmente, no visual. “Adoro pintar o cabelo de cores diferentes e super repicado, já ouvi bastante que pareço uma anime!”
Como sempre conviveu com os costumes nipônicos, Mayumi não demorou a começar coleções de mangás. A garota possui diversos volumes de Peach Girl, Kare First Love, além de coleção completa de Death Note, NANA e Galism. “Eu gosto de personagens com os quais posso me identificar, sou muito parecida com a Nana Komatsu, de NANA, e por isso, gosto mais do estilo shoujo”, diz.
Família que faz cosplay unida permanece unida. Mayumi e sua irmã, Thiemi, costumavam fazer as fantasias juntas, com a aprovação da mãe, Alice, que também já participou de convenções de anime/mangá. “Queria muito aprender a costurar e poder fazer eu mesma os meus cosplay. Mas hoje em dia existem costureiras especializadas em cosplay, chamamos isso de cosmaker”, destaca Mayumi, que pretende estudar design de moda.
Nesta representação do mundo fictício, é possível notar que não há uma faixa etária que restrinja a participação de fãs nos festivais. É comum encontrar crianças, jovens adolescentes e adultos que marcam presença todos os anos nos eventos. “É tudo sempre tranqüilo, com a harmonia oriental”, conta Adaylene, descrevendo o clima dos festivais.
Dizem que otaku de verdade não gosta de anime e mangá, mas vive intensamente o mundo dos personagens favoritos. Nesse clima, o blog Otaku, do portal MTV, descreve, com muito humor, as características de um verdadeiro fã de cultura pop japonesa. Confira!
• Otaku não assiste desenho, vê anime;
• Otaku não lê quadrinhos, lê manga;
• Otaku não vai a festas, vai a Eventos;
• Otaku não tem Show de Calouros, tem Talento Otaku;
• Otaku não usa cordas pra escalar as paredes, concentra o chakra nos pés e sobe andando;
• Otaku não estuda, usa o sharingan nas provas;
• Otaku não se fantasia, faz cosplay;
• Otaku não vai pra escola, manda um bunshin e é feliz;
• Otaku não cola, retira informações sem que os mais habilidosos percebam;
• Otaku não ora antes de comer, grita “ITADAKIMASU!”;
• Otaku não é idiota, é Baka;
• Otaku não assiste TV, assiste anime no computador;
• Otaku não come macarrão, come lámen;
• Otaku não tem ilusão, tem objetivo;
• Otaku não cresce, ele evolui;
• Otaku não faz nada errado, quem faz é um bushin;
• Otaku não tem professor, só sensei;
• Otaku não joga "pedra, papel e tesoura", joga "jo-ken-po, ai-ko-dexo";
• Otaku não sonha, faz virar realidade;
• Otaku não tem destino, tem missão;
• Otaku não é maluco, apenas não tem medo de ser feliz;
• Otaku não tem trabalho, tem vida paralela;
• Otaku não perde, ganha experiência;
• Otaku não se machuca, ganha marcas de aventuras;
• Otaku não faz amigos, cria laços;
• Otaku não cresce, permanece criança para sempre;
Criatividade é a marca do Cosplay. Confira alguns cosplayers mais que interessantes: